Lamentações isoladas

Esta é uma postagem que parte de um coração triste. Cada um tire a sua conclusão
O texto que enviei por e-mail após ter visto a matéria que vi publicada:

"dsilva@unicef.org, paz e bem!
Ano passado eu recebi por e-mail a matéria que falava sobre uma oficina que acontecera em Tabatinga e, agora novamente, recebi este e-mail com novas notícias sobre estas oficinas, que são bonitas inicialmente...
Na primeira eu imprimi e levei ao conhecimento do cacique de Belém do Solimões – conversamos com pesar e tristeza, já que sentimo-nos muito abandonados – e agora novamente esta outra matéria.
Quando todos veem esta notícia que parece ter um belíssimo alcance de três municípios, nós que estamos com os pés, as mãos e o coração neste chão, sentimos um abandono e o quanto as vezes a boa vontade de organismos internacionais não conseguem de fato chegar aonde é mais necessário, simplesmente, por um desconhecimento das lutas de poder e interesses que envolvem certas realidades.
Saiba que esta ação não alcançou os jovens ticunas Belém do Solimões (reserva indígena do Ewaré I e II), que é a maior comunidade indígena do Alto Solimões, não alcançou jovens que de fato precisam, ou de realidades isoladas ou necessitadas dentro da reserva. Muitos parentes de lideranças indígenas que vivem em Tabatinga e Umariaçú, eu creio que foram contemplados neste curso.
Sou frade da igreja católica, mas falo neste momento, sobretudo, com os direitos humanos de baixo do braço e inscritos dentro do meu coração. Como gostaria que estes organismos todos pudessem de fato escutar aqueles que vivem com o único objetivo de favorecer o desenvolvimento de todos.
Cheguem nas bases, por favor! Pesquisem os moradores das realidades, sejam bem criteriosos e parcimoniosos em escutar aqueles que parecem lhes indicar o caminho, senão estarão investindo em terreno errado sem saber. Cada realidade é bem complexa. Quem nos ajudaria a perceber?
Frei Ricardo frança
http://belemdosolimoes.blogspot.com.br/"

Eis a Matéria:

"Com apoio da ONU, jovens indígenas do Alto Rio Solimões lançam site sobre direitos humanos
16 de maio de 2013 · Destaque
Jovens indígenas da região durante oficina em 2012. Foto: PCSAN/Daniela Silva



Depois de aprenderem a produzir vídeos, programas de rádio, fotografias e montar jornais com foco em direitos humanos, jovens ticunas e kokamas alimentarão um site criado para a rede de jovens indígenas do Alto Rio Solimões, no Amazonas.
Oficinas sobre ferramentas de internet serão realizadas de 17 a 21 de maio, em Tabatinga (Alto Rio Solimões), e o site será lançado no encerramento do encontro.
As oficinas reunirão 30 jovens, coordenadores de educação indígena e monitores dos quatro núcleos de comunicação que funcionam em comunidades indígenas de Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Tabatinga.
Os núcleos e as oficinas são resultado de capacitações promovidas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) como parte do Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas (PCSAN), parceria da ONU com o governo brasileiro. A ação conta com financiamento do Fundo para o Alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, criado com recursos do governo da Espanha.
Ao todo, 50 crianças, adolescentes e jovens ticunas e kokamas dos três municípios beneficiados pelo PCSAN já foram contemplados, diretamente, pelas oficinas de comunicação. As peças audiovisuais, produzidas desde agosto do ano passado, valorizam histórias e ações ocorridas nas comunidades indígenas e têm sido divulgadas em escolas e pontos de circulação dos moradores, alcançando um público diversificado.
“Os jovens têm lançado seus olhares para a própria realidade, produzindo jornais, vídeos, programas de rádio e fotografias sobre temas relacionados aos direitos humanos, em especial de crianças e adolescentes indígenas. Com o site, essas expressões audiovisuais poderão ser acessadas por um universo ilimitado de pessoas. O UNICEF espera que o protagonismo desses jovens inspire e motive muitos outros meninos e meninas de todo o Brasil a promover e divulgar seus direitos”, comenta o representante do UNICEF no Brasil, Gary Stahl.
O site também é uma ferramenta de comunicação contínua para os jovens que passam a compor uma rede de jovens indígenas comunicadores do Alto Rio Solimões. “Com o site, poderemos nos comunicar com outros jovens, e quem sabe agora divulgar ao mundo o que estamos aprendendo. A internet para nós é a ferramenta que estava faltando. Queremos nos comunicar também na nossa língua ticuna e mostrar que podemos continuar nosso costume tradicional, sem jamais deixarmos de ser ticunas”, diz o ticuna Sandro Flores, 23 anos.
“Nossa expectativa é aprender a usar a internet para divulgar nosso trabalho pelo site. Esse é um grande incentivo para a gente, porque é difícil chegarem oportunidades para nós jovens indígenas. Com o site, vamos manter sempre contato com outros jovens e nos informar sobre nossos direitos”, afirma a kokama Geruzethe Arcanjo, 17 anos.
O endereço do site dos jovens indígenas será divulgado em breve. Mais informações: dsilva@unicef.org"